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Teologia da Perseverança pela Graça de Cristo

O que você entende por uma Teologia da Perseverança pela Graça de Cristo?

Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.Romanos 8.31-39

A vitória é da fé

Paulo nos mostra através valiosa palavra que a contemplação de Deus e de Cristo como nosso salvador movendo-se rumo a nós é um grande incentivo para nossa fé.

Paulo mostra aqui que seu objetivo é mostrar que a nossa alma deve manter firme o testemunho interior do Espírito e não depender de nada que seja externo.

v.31 – a vista destas coisas – muitas vezes somos instados a olhar para as situações de dor, tristeza, pecado, ansiedades, perseguições e apenas tão somente ficarmos como observadores, deixando as circunstâncias nos dizerem como devemos nos sentir. Paulo, ao contrário, nos mostra que precisamos fazer algo – que diremos?

A única maneira pela qual podemos ter condições de enfrentar todas as situações de nossa vida é a maneira pela qual nos portamos (e sabemos como nos portamos!) diante das mesmas – as circunstâncias geralmente nos moldam; mas não deve ser assim!

Se Deus é por nós, quem será contra nós? – a idéia por trás destas palavras aqui é justamente um tribunal onde Deus se coloca como Juiz, Jesus como nosso advogado e nós como réus – o interessante a notar é que nenhum acusador é aqui apresentado, afinal quem poderia nos acusar diante de Deus, tendo Deus a nosso favor?

v.32 – aquele que não poupou seu próprio Filho – Paulo faz uma citação aqui de Gn 22.12 no episódio onde Abraão leva Isaque para ser sacrificado no monte. O verbo aqui é “não poupou” – na tradição judaica o exemplo da eficácia redentora do sacrifício é tido como esse exemplo de Isaque e não de uma ovelha qualquer, portanto Paulo traz da interpretação que o seu próprio povo faz do episódio para mostrar uma verdade revelada para nós – trazendo do exemplo maior para o menor: se Deus não poupou o seu filho, antes o entregou para morrer (literalmente – o expôs para morrerque motivo teria para não nos dar graciosamente toda a certeza de nossa salvação e proteção nele, nos dando perdão de pecados, nos isentando de culpa, todas estas ações suas bem menores do que o fato de termos recebido a Jesus na morte na cruz!

v.33 e 34 – Nossa salvação é assaltada por meio de acusações e depois disso destruída pelas condenações e a tentativa do inimigo não para por ai, mas trás uma certeza de que iremos ser separados de Cristo (v.34 – quem nos separará?)

Paulo pergunta: quem acusará? Visto que estamos no tribunal de Deus e que ele mesmo nos considera justos (é Deus quem nos justifica); que acusação pode ter em nós então a partir de nós termos sido considerados justos pelo juiz? Como foi feito isso? Deus não poupou o seu Filho, antes o expôs a morte, a nossa morte, para assim nos justificar.

Justificação significa ser considerado justo mediante a absolvição da sentença divina – que sentença? Aquele que pecar esse morrerá, ou seja, a sentença que foi imposta a Adão quando do jardim, para que ele obedecesse e não comesse do fruto que lhe fora proibido.

Em Adão a morte entra na humanidade a transformando em escravos do pecado; em Cristo, uma nova humanidade é formada, não mais de escravos do pecado, mas compostas de homens e mulheres que se sujeitam ao Senhorio de Cristo, como escravos da justiça.

Ser justificado no contexto de um julgamento é justamente quando o Juiz olha para a sentença e vê que já foi cumprida antes de minha condenação.

Quem condenará? – outra pergunta no julgamento – já que fomos justificados por Deus mediante a morte de Cristo, quem em sã consciência pode então nos condenar ainda? A lei já foi satisfeita; a dívida já foi paga; a morte já foi vencida; o pecado já foi pago; o que restou então para alguém nos condenar? Paulo continua a citar o antigo testamento aqui – Isaías 50.8 (e seguintes) bem como a falta de palavras do inimigo ante Deus em Zc 3.1 (e seguintes).

Vale aqui se lembrar do versículo primeiro desse capítulo – nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.

Quem desejar nos condenar terá que invalidar o sacrifício feito por Deus em Cristo Jesus – mas isso além de impossível o apóstolo Paulo argumenta que há um fato que mostra a insanidade de tal pensamento:

O qual está a direita de Deus – repetição do Salmo 110.1 – “Disse o Senhor ao meu Senhor: assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”.

Deus, após expor Cristo, seu filho à morte, vê-lo morrer para nos justificar e pagar nossa divida o exalta sobremaneira, fazendo-o assentar-se com ele mesmo no seu trono, dando-lhe poder e glória – com isso está dizendo em alto e bom som que o que Jesus fez na cruz teve o seu resultado perfeito, o que era esperado por Deus foi cumprido em Cristo e, portanto agora o colocar no ponto mais alto de poder e soberania no Universo inteiro – ao lado do seu próprio trono. Quem quiser nos acusar e condenar terá que remover Cristo do lugar dele – pois ele nesse lugar nos garante que a vitória triunfou sobre a morte!

Graça abundante

“Mas um dia, quando passava pelo campo, sentindo alguns golpes na consciência, temendo que algo estivesse errado, de repente caiu sobre a minha alma esta sentença: a tua justiça está no céu. E quanto pensava em sair, vi, com os olhos da alma, Jesus Cristo à direita de Deus. Eis ali, digo eu, a minha justiça. Deste modo, onde quer que eu esteja e o que quer que faça Deus não poderia dizer de mim: ele carece da minha justiça; pois esta estava bem diante de mim. Além disso, também vi que não era a boa estrutura do meu coração que dava melhor qualidade à minha justiça; nem a minha má estrutura que tornava a minha justiça pior. Pois a minha justiça era o próprio Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e para sempre (John Bunyan – Graça Abundante – parágrafo 229).

E também intercede por nós – temos a maior graça e absoluta bondade de Deus ao nos mostrar isso através de Paulo – não somente tem o Espírito Santo a interceder por nós intimamente (inspirando nossas orações a serem feitas de acordo com a vontade de Deus) como também temos a garantia de que essas orações serão ouvidas, pois Jesus, que está assentado a direita de Deus é quem leva nossas orações até ele e garante que serão ouvidas e atendidas.

Paulo está admoestando que não devemos nos sentir pequemos por achar que as acusações ou os ataques, ou as condenações poderão surtir efeito em Deus de tal modo que ele não considere mais minha vida como sendo de um filho adotado por ele, ao contrário, Deus nos diz através deste texto que há uma segurança eterna pra nós, pois a não ser que mudássemos o fato de Jesus já estar no céu, assentado como vitorioso então nada mais pode ser feito a respeito desse quadro de Justificação de não condenação.

Todas as bênçãos de Deus são nossas – é direito nosso não por nossa causa, mas por que Jesus já cumpriu para nós o que precisava ser cumprido.

Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus,

Quem está entre Deus e nós não é nosso pecado mais, mas sim Jesus, o seu próprio Filho.

como grande sumo sacerdote

Deus primeiramente chamou Arão, mas seu ministério teve fim, agora chamou a Jesus, o seu eterno filho, para nos dizer que o que foi feito em Cristo tem duração eterna e não somente o tamanho de nossas dores, fraquezas e pecados.

que penetrou os céus,

Cristo entrou no Santo dos Santos, levando o nosso sacrifício com ele (ele mesmo é o nosso sacrifício).

conservemos firmes a nossa confissão.

Essa é a razão para que nós nos conservemos firmes.

Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança

Cristo não é apenas Deus, mas é também homem e como tal sabe e sofreu tudo o que nós passamos, acusações, dores, fraquezas, dor na alma, tentações etc. e por isso mesmo ele está apto a compadecer-se de nós e interceder a nosso favor junto ao Pai.

mas sem pecado.

Essa é a diferença – ele fez tudo e fez PERFEITO, portanto não há necessidade de repetição de nada, não precisamos ficar com medo que talvez não seja insuficiente.

Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.

Hebreus 4.14-16

Que Deus nos dê sempre a graça da perseverança em meio a coisas difíceis!

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